sexta-feira, março 02, 2007

BOCARRA

Sempre assisto aos programas regionais que abordam temas polêmicos ou que, no mínimo, tratam a notícia como espetáculo. Devo ressaltar que os dois programas assistidos são comandados por “âncoras”, digamos assim, de velhos tempos da televisão baiana. Um é o Raimundo Varela, jornalista bastante conhecido do público baiano por suas incursões no rádio e na televisão. O outro é o também jornalista José Eduardo, do qual me lembro como repórter esportivo na Rede Bahia, nos anos 90. Outro ex-repórter esportivo, conforme minhas lembranças, é o Zé Bim, que faz participação nas ruas de Salvador, cobrindo prisões, manifestações populares, etc. dada sua fama com o jargão “Que venha o povo!”. Ele faz isso para o Se Liga, Bocão, programa do Zé Eduardo.
Para quem consegue assistir a esses programas, vê-se uma disputa por audiência apesar de os horários não coincidirem totalmente. Os moldes são parecidos e apesar do Varela ter colocado um repórter com atuação que pode se assemelhar à do Zé Bim, considero mais informativo o seu Balanço Geral.
Comecei assim mas o assunto a ser comentado – repito: comentado – é homofobia. Também não quero afirmar que fulano ou cicrano seja homofóbico, mas o fato que marcou esse meu pensamento foi uma matéria exibida no programa do Zé Eduardo sobre um homossexual que havia praticado a pedofilia (programa exibido no dia 02/03/2007). O que eu estranhei até então foi a forma como o jornalista encarou a situação. Uma pergunta feita pelo mesmo, pôs a sociedade para julgamento do criminoso, sentenciando-o à punição ou tratamento psicológico. Muito me admirou essa atitude pois já cansei de ver situações onde suas festas em bairros da periferia, o travesti Leocrete - que nega a condição de travestido – se esbalda com seu show de dança numa banda de pagode. Há outro nome citado pelos “Zés” que é o de Anita Garibaldi, quando fazem referências a travestidos mas ainda não tive a oportunidade ver.
Acredito que o Zé Eduardo foi infeliz em tratar desta forma o homossexual, mas posso ter interpretado de forma errada também. Um crime e um castigo. Mas o comentário feito após o preso declarar que preferia um “negão de um metro e noventa” do que crianças em sua cama, fez o jornalista debulhar-se em mais críticas. Intrigante...
Talvez o senhor Zé Eduardo prefira os travestis. Eu considero travestis que assumem a postura feminina como homossexuais, é claro, desde quando mantenham atividades sexuais com homens, o que deve acontecer em sua maioria. Esses, travestis diários e não os carnavalescos ou Drag Queens.
No mais, esse jornalismo feito como espetáculo chama atenção, mas insere uma irresponsabilidade social muito grande, atribuindo juízo de valor às pessoas.Lembrei-me de Rubem Fonseca em Intestino Grosso. Eles ainda dão risadas da ignorância de um ex-pugilista e fazem pouco dos poucos dentes que restam em alguma boca faminta.