Nossa falta de costume com os gatos fez-nos acreditar que a gata estava gorda. Talvez tivéssemos acreditado que ela havia assaltado a geladeira e engolido algumas mangas. O pior seria esperar a digestão. A gata pariu dentro do guarda-roupas e fez a minha mãe jogar algumas roupas fora, assim como dois dos quatro filhotes. Ficamos com 2 e jurávamos ser um casal: Bob (o Marley) e Bêibi (seria Baby, a Consuelo - isso por causa do coroa -, mas eu insisto em escrever em puro português). Eram machos quando vimos que nenhum engravidava e pedimos auxílio a um veterinário.
O tempo passou e os três se foram para nunca mais. Conseguimos mais um gato, o qual a minha mãe fez questão de chamar de Pituca, enquanto eu queria chamá-lo de Bob (dessa vez, o Dylan). Ele morreu com pneumonia. Foi então que o meu pai conheceu uma senhora que tinha uma fêmea felina e o abestalhado velho logo aceitou. Porra, uma fêmea para encher a casa de gatos? Caralho...
Enquanto eu queria chamar de Malu, dado o meu tesão pela Malu Mader, a minha coroa a batizou de... advinha? PITUCA! Caralho, ela deve ter pensado que eu ia foder a bichinha com a minha vontade de chamá-la de Malu (sem rima e sem acento). Ou então minha mãe é totalmente sem criatividade.
Pituca deu origem a Eddie (o Vedder e, ao mesmo tempo, o mascote do Iron Maiden e o Murphy, por causa da minha mãe). Brigão e ladrão, não durou muito. A lei do homem deve ter feito dele aqueles churrasquinhos de ponto de ônibus. Ou algum ônibus fez dele capa de asfalto.
Em outra cria, a Pituca, mãe do Eddie, deu à luz a mais três filhotes. Ficamos somente com um. Já estávamos craques em detectar o sexo do bicho e demos o nome de Johnny (o Cash, para mim. O Quest, dos desenhos animados, para minha mãe). Johnny sempre quis comer a própria mãe, mas nós já estávamos espertos e comprávamos a injeção anti-concepcional para evitar a gravidez indesejada - para nós.
Alheia a tudo isso, Nina fez a sua história conosco. Era Nina, de menina. Mas, para mim, era de Hagen, estrela da Nil Uêivi (New Wave). Chegou com pêlos grandes e negros, esperta, brincalhona; uma bela Cocker Spaniel, ou coquispen. Mas, não demorou muito para que se despertasse a catarata hereditária. A doença evoluiu e ela ficou completamente cega, mas já conhecia a casa e andava tudo, mesmo que ainda se batesse em alguns móveis ou paredes.
Com a idade, desenvolveu câncer e, num descuido nosso, quase bateu as botas mais cedo: deu bicheira em seus olhos e a situação ficou ainda mais complicada. O câncer na mama aumentou e outras mamas já estavam sendo tomadas. Com a cegueira, após bater a cabeça com força na parede, desenvolveu uma necrose que nunca foi curada. Nina sofria, nós sabíamos disso. Mas, ela não reclamava. Porém, ela não suportaria mais um ano e nós não agüentaríamos o sofrimento dela.
Minha mãe, num ato de extrema coragem, contratou um veterinário que se dispôs a eutanasiá-la. Ela se foi na Segunda-Feira, dia 25/02. Teve um enterro. Sentimos falta dela, assim como o casal de gatos. Vocês podem não acreditar, mas eles sentem falta dela, sim. A Pituca sempre vai até onde Nina se deitava e nos olha como se perguntasse algo e o Johnny continua sem roubar água do vasilhame de Nina, que ainda está cheio. Não sei por quê.