segunda-feira, março 03, 2008

Nina: 1995 - 2008

Aqui em casa, os animais sempre tiveram nomes de artistas. Quero dizer alguns. Tivemos a Kelly (uma cadela pastor alemão) e o Dorly (um pastor branco). Dorly também foi o nome de alguns outros cães vira-latas que adotamos... minha mãe gostava muito do nome. Quanto aos gatos, a primeira tinha um nome estranho: Pituca. Na verdade, quando ela abandonou sua verdadeira dona pra se mudar conosco, nós não sabíamos o nome e uma vaga lembrança do som chamado pelos antigos donos fez Pituca soar mais felino.

Nossa falta de costume com os gatos fez-nos acreditar que a gata estava gorda. Talvez tivéssemos acreditado que ela havia assaltado a geladeira e engolido algumas mangas. O pior seria esperar a digestão. A gata pariu dentro do guarda-roupas e fez a minha mãe jogar algumas roupas fora, assim como dois dos quatro filhotes. Ficamos com 2 e jurávamos ser um casal: Bob (o Marley) e Bêibi (seria Baby, a Consuelo - isso por causa do coroa -, mas eu insisto em escrever em puro português). Eram machos quando vimos que nenhum engravidava e pedimos auxílio a um veterinário.

O tempo passou e os três se foram para nunca mais. Conseguimos mais um gato, o qual a minha mãe fez questão de chamar de Pituca, enquanto eu queria chamá-lo de Bob (dessa vez, o Dylan). Ele morreu com pneumonia. Foi então que o meu pai conheceu uma senhora que tinha uma fêmea felina e o abestalhado velho logo aceitou. Porra, uma fêmea para encher a casa de gatos? Caralho...

Enquanto eu queria chamar de Malu, dado o meu tesão pela Malu Mader, a minha coroa a batizou de... advinha? PITUCA! Caralho, ela deve ter pensado que eu ia foder a bichinha com a minha vontade de chamá-la de Malu (sem rima e sem acento). Ou então minha mãe é totalmente sem criatividade.

Pituca deu origem a Eddie (o Vedder e, ao mesmo tempo, o mascote do Iron Maiden e o Murphy, por causa da minha mãe). Brigão e ladrão, não durou muito. A lei do homem deve ter feito dele aqueles churrasquinhos de ponto de ônibus. Ou algum ônibus fez dele capa de asfalto.

Em outra cria, a Pituca, mãe do Eddie, deu à luz a mais três filhotes. Ficamos somente com um. Já estávamos craques em detectar o sexo do bicho e demos o nome de Johnny (o Cash, para mim. O Quest, dos desenhos animados, para minha mãe). Johnny sempre quis comer a própria mãe, mas nós já estávamos espertos e comprávamos a injeção anti-concepcional para evitar a gravidez indesejada - para nós.

Alheia a tudo isso, Nina fez a sua história conosco. Era Nina, de menina. Mas, para mim, era de Hagen, estrela da Nil Uêivi (New Wave). Chegou com pêlos grandes e negros, esperta, brincalhona; uma bela Cocker Spaniel, ou coquispen. Mas, não demorou muito para que se despertasse a catarata hereditária. A doença evoluiu e ela ficou completamente cega, mas já conhecia a casa e andava tudo, mesmo que ainda se batesse em alguns móveis ou paredes.

Com a idade, desenvolveu câncer e, num descuido nosso, quase bateu as botas mais cedo: deu bicheira em seus olhos e a situação ficou ainda mais complicada. O câncer na mama aumentou e outras mamas já estavam sendo tomadas. Com a cegueira, após bater a cabeça com força na parede, desenvolveu uma necrose que nunca foi curada. Nina sofria, nós sabíamos disso. Mas, ela não reclamava. Porém, ela não suportaria mais um ano e nós não agüentaríamos o sofrimento dela.

Minha mãe, num ato de extrema coragem, contratou um veterinário que se dispôs a eutanasiá-la. Ela se foi na Segunda-Feira, dia 25/02. Teve um enterro. Sentimos falta dela, assim como o casal de gatos. Vocês podem não acreditar, mas eles sentem falta dela, sim. A Pituca sempre vai até onde Nina se deitava e nos olha como se perguntasse algo e o Johnny continua sem roubar água do vasilhame de Nina, que ainda está cheio. Não sei por quê.

4 comentários:

jorginho da hora disse...

Sem duvida alguma. Bob Dylan é bem melhor que Pituca.

COLÉ MERMO?!? disse...

Pô, tive também cães com nomes esquisitos, tinha um que batizei de conhaque (morreu de cirrose) e o último chamei de drummond (em homenagem a poeta), mas pense num cachorro burro que num aprendeu nada....rsrsrs

Parabéns pelo blog!

Anônimo disse...

Cara,
bela história, curti muito. Agora meu velho, tome cuidado e troque a água do vasilhame de Nina, pois a dengue está na moda!!!

Thilindão612 disse...

É sempre uma siruação fudida ter que matar um companheiro de longos anos. Fico imaginando como devem se sentir aquelas pessoas que têm parentes em situação semelhantes aos nossos animais de estimação, mas não podem, não querem, não conseguem fazer a eutanásia, por mais que saibam que só há sofrimento e nada pode reverter a situação.
Quanto aso nomes, eu tenho um cão chamado Conhaque, mas aqui já teve a Nina (Hagen), Niki, não essa da minha história, mas a primeira que teve aqui, era a "Niki Costa" e Jerry (Adriani).