sexta-feira, fevereiro 16, 2007

A corda

Dentro de um rio esbranquiçado
De margens escuras
A corda separa
O rosto da propaganda
Da "cara" da Bahia

Separa o filho do patrão
Da Salvador do dia-a-dia,
Da Salvador do ônibus lotado,
Do que não existe no verão.

E o Carnaval corre em seu leito,
junto as ondas de Ondina
Ou aos pés do poeta
Onde os filhos da cidade
Vêem seus irmãos baterem tambor
para os filhos de outras mães
que chegam aos montes
e levam um sorriso suado de lembrança
da "terra da felicidade"

E quem segura a corda
Segura as contas do fim do mês
E quem dentro está,
segue uma alegria indiferente
De quem está fora
E mesmo quem a corda exclui,
está dentro do carnaval, também. E a música preenche tudo...
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Não é de minha autoria. Seu autor vive em paz, é psicólogo de computadores e toca guitarra numa banda de rock. Gabriel Rocha - rocha.gabriel@gmail.com

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal.

Este é o carnaval baiano, histeria coletiva, tudo em nome do turismo!

Parabéns!!!

Rafael Passos disse...

Eu moro em Ondina, em frente ao circuito "inferno" Barra-Ondina. Me identifiquei com esse poema. Acho que a corda vai além da avenida. Acho que ela corta Salvador inteira. Como um Apartheid, sabe? Mas o que importa é que todos estão felizes com seus salários mínimos, nem que seja só por 10 dias do mês de Fevereiro. E pagando em 10 vezes o abadá.
Pena que esse não foi você que escreveu. Mas eu adorei esse Blog e vou botar em meus favoritos!
=] Abração, Cleber!