segunda-feira, outubro 29, 2007

A IMPRENSA VICIADA

Uma simples crítica aos interesses do poder da mídia

No último sábado, entrevistei o maior símbolo do Blues em Salvador. Álvaro Assmar, gentilmente, conversou comigo sobre sua música e a falta de estrutura para uma maior disseminação do estilo. Durante a conversa, um termo utilizado, não só por ele, mas por outro blueseiro que se diz “morto” e que não vou citar o nome por respeito ao seu pedido, digamos assim, póstumo, me chamou atenção: “mídia viciada”.

Não é necessário ser um estudioso da mídia para perceber que sua estratégia de dominação reflete no seu modus operandi. Todos os dias as linhas intelectuais da opinião pública são tecidas com as mãos do mercado. Esse mesmo mercado tira proveito com o consumo desenfreado de produtos referentes aos seus investimentos.

O caso que me toma o tempo para escrever para tão poucos - porém interessados - é a cultura de massa baiana e seu poder legitimado pela mídia. É carnaval de um lado, micareta de outro, festa de largo num canto, festa de camisa n’outro...São tantos produtos ínfimos que faltariam espaços nas ruas de Salvador para tanta manifestação “cultural”.

Uma pergunta: O público que freqüenta os shows das bandas baianas conhece os músicos das suas bandas favoritas? Qual é o line-up do Cheiro de Amor? E do Babado Novo? E do Rapazolla? Aguardo resposta.

Dentro da corda pulam as necessidades de bons músicos que precisam de dinheiro para a sustentação de suas famílias e, provavelmente, de seus fetiches. Fora da corda estão os produtores ricos que ainda lucram com as vendas dos abadás e a oferta publicitária no maior carnaval de rua do mundo.

Na contramão dessa história, os músicos independentes, com todas as necessidades dos supracitados, ainda precisam brigar pelo espaço dentro do universo alternativo, aquele que não conta com o apelo midiático. É o caso da banda Pastel de Miolos, banda de punk rock hardcore com mais de 10 anos de estrada. Natural de Lauro de Freitas, município da Região Metropolitana da Salvador, a banda não foi escalada para participar de um dos maiores eventos já produzidos na região. Não quero contestar a autonomia dos produtores, nem o mérito das atrações escaladas, mas acredito que um filho ilustre da cidade, assim como os roqueiros bregas da excelente banda Movidos a Álcool, não pode ser preterido em nome de outras atrações que já figuram como grandes em outros eventos. As oportunidades continuam escassas...

Observando os fatos e a frase do início deste texto, a conclusão que pode ser tirada é que os mais diversos interesses são sempre os norteadores das produções, seja de cultura de massa ou de cultura underground. É claro que há exceções.

Nenhum comentário: