sexta-feira, outubro 19, 2007

“...Tá chegando a hora...”

Lendo o jornal A Tarde do último domingo, 14/10, cheguei à conclusão de que a busca pelo poder pode transcender os objetivos reais dos políticos brasileiros. Talvez isto não seja novidade alguma, mas cabe uma análise superficial. No caso em questão, a reportagem intitulada “De olho nas urnas, pré-candidatos já disputam espaços”, de Patrícia França, aborda a sucessão municipal e aqueles que almejam o poder e suas overdoses.
No início do texto, a citação ao jornal A Tarde não foi somente por causa da reportagem. O referido jornal é o único que ainda disponho-me a ler, seja na versão on-line ou na versão impressa. Sobre os outros, não gosto da defunta política editorial de um; do outro, não admiro a moribunda tentativa de parecer um jornal.
Não quero abordar a reportagem como um todo, mas seu tema central. Assusto-me ao ver como pré-candidatos dois jornalistas que se popularizaram graças ao exagero e ao apelo. Miséria é lucro nas mãos de quem sabe lidar com a dor alheia. Tenho dó das mesas... Em outras situações estão famigerados políticos baianos que insistem em agarrar o poder e realizar seus intentos, por mais generosos e/ou incabíveis que sejam.
Desta vez, duas mulheres estão cotadas como adversárias do filho do pai. Uma quer voltar, depois de tudo que sofreu; a outra faz parte da opção comunista. Não conheço os mecanismos utilizados por cada partido político para a escolha de seu representante em eleições majoritárias, mas, observando as eleições proporcionais como pano de fundo para o aparecimento de políticos “carismáticos” e “trabalhadores”, vejo que tudo é muito bem programado; o que eu chamo de estratégias políticas de dominação e os políticos devem chamar de carreira.
Vide o atual prefeito da cidade do Salvador: João Henrique de Barradas Carneiro. Passou seus mandatos como vereador e deputado estadual criando projetos de lei e estabelecendo a sua carreira (?). Apoiou-se nestes feitos aliando-os a novos projetos e, hoje, tem recebido como recompensa o descrédito da população soteropolitana. Enquanto muitos falam de fidelidade partidária, não é demais citar suas duas trocas de partidos: hoje é filiado ao PMDB, mas já esteve ligado ao partido dos “novos democratas”, em sua antiga sigla (não gosto de relembrar coisas que não me fazem bem), além do PDT.
Em busca do poder exaurido – e os estudantes poderiam refazer a “baderna” que parou a cidade numa oportunidade valiosa -, estão outros coadjuvantes não menos incensados que os supracitados. Os roqueiros que o digam! Perdi a oportunidade de (re)ver grandes bandas por alguns anos por causa de um prefeito que resolveu ligar para a produção de um evento durante o carnaval e mandar, exercendo o seu poder, abortar o festival, desrespeitando músicos, público, enfim, eleitores. Ele quer voltar e parte na frente nas pesquisas de opinião. Sou levado a crer que, em Salvador, rock que é bom, encalha.
E tem mais: “comendo pelas beiradas”, o “representante dos trabalhadores” ainda não foi definido, embora dois nomes figurem como fortes candidatos. Eu só não consigo entender as coisas. Não sei se querem me confundir ou se querem confundir o eleitorado em geral. Enquanto o presidente Lula e o governador Wagner confirmaram apoio ao atual prefeito, o partido dos dois pretende lançar candidatura própria para a sucessão municipal do ano que vem (Ai, ai, ai...tá dando nó nos miolos) e o candidato que tem a preferência da maioria do partido já perdeu três vezes em eleições para o mesmo cargo. O outro pode ser um mero figurante, mas pode surgir como um azarão e contrariar as pesquisas de opinião. Aliás, os institutos de pesquisas já explicaram o que aconteceu no ano passado?
Sei não, mas a coisa parece que foi mexida e começa a exalar mau cheiro. Uma base de aliados se fragmenta. “...São dois pra lá, dois pra cá...”. Será que isso não favorece a oposição viúva? Tenho cá minhas dúvidas quanto à popularidade do filho de um dos filhos do dito pai de todos os filhos nascidos na Bahia. A quem bajulará? Suas estratégias, pelo menos até agora, são a verborragia característica da sigla familiar e o olhar caridoso, digno de uma Irmã Dulce de terno e gravata. A política continua a mesma, mesmo depois de sepultada sua raiz. O
modus operandi, como disse o professor, jornalista e Mestre em História Zeca Peixoto, é o mesmo. Sinal de que germinaram outras sementes, sem o risco de gordura trans.
Quem será o próximo eleito? Não sei responder. Acredito piamente que as propostas não podem ser exatas se feitas por alguém que não conhece o orçamento municipal. Na verdade, segundo hipótese do jornalista Marcelo Tas, o político deve esquecer de suas propostas dado o uso excessivo do TP (Tele Prompter), aparelho usado para uma leitura rápida na frente do vídeo. Eu vou um pouco mais adiante e digo que político esquece o que promete porque talvez nem ele mesmo confie no que diz, quiçá, no que alguém escreve para ele ler.

2 comentários:

Vinícius Andrade disse...

Gostei bastante desse texto!
Só acho que você, como no texto de cima, poderia ter dado mais vezes nome aos bois, porque nessa confusão político-partidária, perde-se de vista quem é quem. Apesar disso, sabemos o fim último de todas as intenções de nossos "representantes".
:D

CLEBER SILVA disse...

Vini, você quer me complicar, né, rapaz?